Pedro Silveira detalha estratégia para reestruturação da dívida do Corinthians

Pedro Silveira em entrevista no CT Joaquim Grava - Foto: Rodrigo Coca / Agência Corinthians

O diretor financeiro do Corinthians, Pedro Silveira, explicou a estratégia adotada para reorganizar as finanças do clube e aliviar o fluxo de caixa. Em entrevista ao podcast Sports Market Makers, ele dividiu a dívida alvinegra em cinco pilares principais e destacou as ações já implementadas para melhorar a situação econômica do Timão.

Dívida do Corinthians foi segmentada em cinco pilares

Segundo Pedro Silveira, a diretoria financeira precisou estruturar um plano estratégico para lidar com a dívida elevada e a falta de liquidez. O primeiro passo foi dividir os débitos em cinco grandes categorias, permitindo um gerenciamento mais eficiente e soluções específicas para cada caso.

"Falando do dia a dia, a gente precisa focar no que precisa ser feito e nos maiores desafios. Quais são os maiores desafios? Uma dívida muito alta, um fluxo de caixa muito apertado, como buscar mais receitas e diminuir as despesas. Então, a agenda é dividida na dívida, e a gente começou a tratar cada um desses pilares de maneira resolutiva."

1. Dívida cível sem garantia e o RCE

O primeiro pilar abordado foi a dívida cível sem garantia. Para enfrentar esse problema, o Corinthians adotou o Regime de Centralização de Execuções (RCE), uma medida que permite reestruturar pagamentos junto aos credores. O diretor financeiro ressaltou que essa foi uma decisão corajosa e que contou com o apoio do conselho deliberativo e da diretoria jurídica.

Atualmente, o clube aguarda a validação judicial do plano apresentado, o que pode destravar recursos bloqueados e dar um novo fôlego ao fluxo de caixa.

2. Negociação com a CRND da CBF

Outro ponto importante foi a negociação com a Câmara Nacional de Resolução de Disputas (CRND) da CBF. Esse órgão é responsável por regular questões financeiras entre clubes e jogadores, incluindo salários e direitos de imagem.

A dívida do Corinthians com a CRND gira em torno de R$ 70 milhões, um valor menor do que os R$ 400 milhões da RCE, mas que ainda exige um planejamento para alongar prazos e evitar novos bloqueios financeiros.

"O que queremos é falar com os credores: 'Estou aqui, sei que devo, quero pagar, mas preciso de prazo para encaixar no fluxo de caixa."

3. Planejamento tributário e negociação com a PGFN

O terceiro pilar envolve o planejamento tributário do clube e a negociação com a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN). O Corinthians acumula R$ 817 milhões em débitos tributários, um valor que exige medidas agressivas de renegociação para evitar maiores complicações fiscais.

4. Dívida da Arena Corinthians

Outro grande desafio financeiro do Timão é a dívida da Arena Corinthians, que atualmente chega a R$ 661 milhões. Para reduzir esse impacto, a diretoria busca alternativas, incluindo iniciativas como a vaquinha das Gaviões da Fiel, que visa arrecadar fundos para aliviar parte desse débito.

5. Dívidas com a FIFA e o risco de transfer ban

Por fim, Silveira destacou as pendências do Corinthians junto à FIFA, que podem resultar em transfer ban – punição que impede o clube de registrar novos jogadores. Para evitar esse problema, o clube busca a criação de um fundo específico para quitar essas dívidas e encerrar essa ameaça de sanções internacionais.

"Temos que encontrar um jeito de eliminar essas dívidas através de um fundo, de uma estrutura para acabar com esse problema também."

Situação financeira do Corinthians em números

Um documento apresentado pelo clube à Justiça em fevereiro revelou um panorama detalhado das dívidas do Corinthians:

• Dívida total: R$ 926 milhões

• Dívidas no RCE: R$ 367 milhões

• Dívidas tributárias: R$ 817 milhões

• Dívida da Arena: R$ 661 milhões

Com esse cenário, a diretoria financeira trabalha para buscar soluções que garantam a sustentabilidade do clube a longo prazo, equilibrando receitas e despesas sem comprometer a competitividade dentro de campo.

Assista a entrevista de Pedro Silveira

A gestão de Pedro Silveira tem adotado medidas ousadas para lidar com as finanças do Corinthians, apostando na renegociação de prazos e na busca por novas fontes de receita. A expectativa é que, com a aprovação da RCE e outras negociações em andamento, o Timão consiga aliviar sua dívida e reorganizar seu fluxo de caixa nos próximos anos.

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